quarta-feira, 23 de julho de 2008

58. O PERFUME

Joana tinha acabado de limpar a camisa e pousou o pano em cima do balcão.
- Obrigada. – agradeceu ela ao empregado.
Luís segurava nos livros dela, fitando ininterruptamente os sapatos; se continuasse assim, ia ter que comprar uns novos já que aqueles estavam a ficar gastos. Timidamente, levantou a cabeça e viu que a mancha laranja estava agora mais clara.
- Não te preocupes. Isto sai na máquina. – assegurou ela quando o viu a olhar.
Só que Luís não estava tímido por ter entornado o sumo, quer dizer, também tinha a ver com isso, mas ele estava assim porque não reparou onde estava a limpar. Que desastre de dia, pensava ele.
- Vamos? – perguntou Joana.
Ele nem pensou duas vezes, saindo imediatamente dali.
- Ah, Joana. Desculpa, foi sem querer. Não entornei o sumo de propósito nem foi minha intenção... Ah, tu percebes. Desculpa pelas duas coisas. – pediu Luís.
Joana também tinha corado agora. Era a sua vez de fitar os sapatos. Mas não podia deixar de dizer o que queria só por causa daquilo. Vá Jô, é agora, pensava ela para consigo mesmo.
- Olha, o que eu te queria dizer lá no café... – começou, sendo interrompida por ele.
- Não te preocupes. Podemos combinar as aulas para um dia qualquer. Diz um dia que te dê jeito e um local, que eu apareço. – ofereceu Luís, amavelmente.
- Ah, sim isso. Obrigada, mas não era isso que te ia dizer. Aliás, eu nem sei se vale a pena ter explicações...
- Que é que queres dizer com isso? – perguntou ele, curioso e preocupado.
- Ainda não sei. Mas isso não é importante. Nós temos que falar sobre nós. Sobre o que aconteceu. – declarou Joana.
Luís parou. Não estava, de facto, à espera daquilo. Sentiu as suas bochechas a denunciá-lo, ficando cada vez mais quentes e vermelhas; sem querer deixou cair os livros de Joana que ainda levava, mas logo se prontificou a apanhá-los; as suas narinas dilataram, como faziam sempre quando ficava nervoso antes dum teste ou exame.
- Mas aqui? Agora?
- Não. Não estou em condições neste momento. – respondeu ela, apontando para a grande nódoa que a cobria.
- Quando, então? – perguntou Luís.
Tinha chegado à casa de Joana. Luís tremia tanto que teve que meter as mãos nos bolsos para disfarçar.
- Hoje à noite. Vem ter comigo aqui. Depois vamos dar uma volta, beber um café. Pode ser? – questionou Joana.
- Sim, claro. Eu depois dou-te um toque quando chegar. Até logo.
- Pois, está bem. Ah...
Outra vez beijinhos? Oh, não! Mas desta vez até que se saíram bem. Aquilo com prática até ia lá, pensou ele.

- Mas que cheiro é este? – perguntou Nuno, ao entrar no quarto.
- Ei, meu. Achas que exagerei? – perguntou Luís, na dúvida.
- Ai o cheiro és tu?
Luís correu para a casa de banho, ligou o duche, despiu-se e enfiou-se lá dentro.
- Só para eu ficar esclarecido, quantas vezes é que já te vestiste? – quis Nuno saber.
- Pá, esta é a segunda vez. – gritou Luís por cima do som da água a cair.
Nuno esperou sentado na cama pelo amigo. Fazia agora meia hora que tinha recebido uma chamada “urgente”. Luís ia encontrar-se com Joana e estava a desesperar. Na ânsia de obter alguma ajuda, chamou o amigo para o aconselhar.
- E agora o que é que eu visto? A roupa que tinha escolhido está cheia de perfume. – lamentou-se ele, regressado do banho.
- Então! Pareces uma mulher. Veste qualquer coisa, uma camisa, umas calças e uns sapatos.
Realmente era aquele o estilo que Nuno usava e por isso é que o recomendava. Desde os tempos em que andava com o seu grupinho, Nuno sempre se vestia bem. Andava sempre de roupas e ténis de marca, sempre modernos e actuais, corrente larga ao pescoço e argola na orelha esquerda. Era a típica personagem acabada de sair dos Morangos. Mas Nuno tinha mudado. Por fora podia continuar o mesmo, afinal havia uma imagem a manter, mas por dentro estava diferente. Já não era a mesma pessoa que quando via Bia e Joana começava a gozar por causa dos Tokio Hotel. Agora percebia os problemas delas e até ajudava. Claro que isso lhe valeu uma dispensa dos seus alegados ex-amigos. Mas era coisa com que ele não se importava.
- Espera, deixa-me ver. – pediu ele, aproximando-se do guarda-roupa de Luís.
Escolheu uma camisa branca com quadrados azuis-claros, umas calças claras e os ténis que Luís costumava usar.
- Veste.
Luís nem perguntou, vestiu-se imediatamente. Afinal, tinha sido para ajudar que tinha chamado o amigo ali.
- Que achas? – perguntou Luís, regressando vestido da casa de banho.
- Está bem... Falta ai algo. Corrente comprida tens? – inquiriu Nuno.
- Tenho mas não é bem o meu estilo. – respondeu timidamente.
Luís era aquela pessoa que nunca se tinha importado muito com o estilo. Todos os dias vestia uma t-shirt escolhida ao acaso, um par de calças, calçava o ténis e saia de casa sem sequer se ver ao espelho.
- Cala-te. Hoje tudo é o teu estilo. Mete o colar e, já agora, despenteia o cabelo um bocado. E não metas perfume, acabaste de tomar banho. – imperou ele, ao ver Luís precipitar-se na direcção do frasco.
- Estou bem assim, meu? – perguntou pela milésima vez.
- És definitivamente pior que elas. Vai. Boa sorte. – atirou-lhe Nuno.
- Sim, bem preciso.

To be continued...

2 comentários:

Anónimo disse...

o que vai acontecer ... *_*

:D:D:D:D:D:D

Unknown disse...

Bem, o Luís é mm pior que as miudas!!! hahaha

Espero que corra td bem...mas ela k n troque o Bill por ele!!!!!!

Queremos maiiis =D

Xoxo
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