sexta-feira, 18 de julho de 2008

55. A TENTATIVA

Algumas semanas haviam passado desde a noite em que Joana viu a carrinha cruzar a esquina. Não tinha sabido mais notícias da banda; não enviou um único e-mail a Bill. Não porque não pudesse, mas porque não queria. Desta vez era diferente: ele não lhe tinha contado que se ia embora porque pensara que era o melhor para ela.
Já Bia, não achava diferenças nenhumas. Sabia o que tinha acontecido da última vez e não duvidava que iria acontecer o mesmo agora. Tinha falado com Nuno e Luís e tinham combinado entre eles ficarem de olho nela. Bia passava a maior parte do tempo com ela; mas era só Bia. Ela e Luís ainda não se falavam e não estavam juntos. Nuno, para não o deixar sozinho, estava sempre com ele. Mas a tarefa que lhe tinha calhado não era vigiar Joana: era vigiar Salvador.
Leonor tinha cancelado a sua matrícula na faculdade, tratado de alguns papéis para poder passar mais tempo no estrangeiro e empacotado mais coisas. Não era uma mudança porque, com eles em Tour, não estavam sempre no mesmo sítio; mas que no seu quarto já restavam poucas coisas suas, já. Com quase tudo tratado, Leonor tencionava partir dentro de alguns dias.
E assim tinha passado o tempo por eles: quase sem se dar por isso. Naquele dia, um entre muitos outros, Bia e Joana estavam juntas a falar.
- Correu-te bem o teste? Eu não tenho a certeza da resposta da 5.2, mas acho que no geral me safei. – comentava Bia, sobre o teste que tinham tido na aula anterior.
- Mais ou menos. Não quero pensar nisso. – respondeu Joana, aluada.
Ultimamente era frequente encontrar Joana naquele estado. Tudo lhe passava ao lado. Passava horas a olhar para o vazio, não estava presente em lado nenhum. Nas aulas, quando os professores lhe perguntavam algo, não sabia responder, diminuindo assim o desempenho de boa aluna que sempre fora. Era um corpo abandonado pela alma que vagueava pelos corredores da escola.
- Jô, tenho mesmo de te perguntar isto. – começou Bia, devagar.
Joana olhou para ela. Bia notou que havia qualquer coisa nos seus olhos que denunciavam que não era a mesma pessoa que ali estava. O brilho, a alegria, fosse lá o que fosse, não estava presente. Era possível que ele lhe tivesse causado tanto mal?
- Não vai acontecer o mesmo. – respondeu Joana, antes sequer de a amiga formular a pergunta.
- O quê? – perguntou ela, não percebendo.
- Não ais perguntar se eu estou bem e se estou segura? – inquiriu Joana.
- Sim...
- Então aí tens a resposta: não vai acontecer o mesmo.
O sinal de entrada para a última hora soou e todos se apressaram a entrar. Luís e Nuno passaram por elas e Bia aproveitou para dar um beijo ao namorado. Joana evitou encarar Luís, o que aumentou o constrangimento geral. Depois de se despedirem, lá seguiram para as aulas.
- Menina Joana, menina Joana! – gritava uma contínua, correndo na direcção dela.
- Diga. – respondeu Joana, quando a senhora a alcançou.
- Olhe, depois das aulas vá ao gabinete do director que ele quer dar-lhe uma palavrinhas, se faz favor. Não se esqueça. – advertiu a senhora, indo-se depois embora.
Joana e Bia não repararam, mas naquele momento, Salvador passava atrás delas e ouvira a conversa. Bia fitava agora Joana, preocupada.
- Queres que vá contigo? – perguntou ela.
- Não, deixa. Deve ser por causa das notas. Da última vez chamaram a minha mãe. – respondeu a amiga.
Mas Joana não queria saber de ser chamada para falar com o director. Nada lhe importava, muito menos a escola. Tinha concluído que só ia lá para se distrair e para ninguém a chatear. Lá acabaram por entrar na aula.
Hora e meia depois, as portas das salas abriram-se de rompante e os alunos percorriam os corredores felizes, finda a última aula do dia. Joana despediu-se de Bia e foi para o seu compromisso.

- Pá, até amanhã. – disse Luís, abrindo o cacifo.
- Não vens? – perguntou Nuno.
- Sim, sim, eu vou. Só vou à casa de banho. Vai andando, vai ter com a namorada, meu. – respondeu.
Nuno afastou-se, correndo para alcançar a namorada que o esperava no café. Depois de se tornarem mais amigos, Nuno havia convencido Luís a entrar para a equipa de futebol da escola e, naquele dia, tinham tido treino depois das aulas.
Já sozinho, Luís atirou as coisas para dentro do cacifo e foi à casa de banho. Àquela hora, já não estava ninguém na escola, apenas as pessoas que tinha actividades extra-curriculares.

Joana saía do gabinete do director exactamente como entrara: indiferente. Claro que tinha sido chamada por causa das notas. Ainda podia ouvir na sua cabeça a voz possante do director a perguntar o que lhe estava a acontecer e que se continuasse assim, o mais provável era perder o ano. Mas ninguém percebia que isso era o menor dos seus problemas.
Percorria agora aqueles corredores silenciosos quando, de repente, uma voz ecoou.
- Ei, miúda.
Não, não podia ser. Só havia uma pessoa que a tratava assim e ela não precisava de ser virar para saber quem era. Mas virou-se.
- O que é que queres? – perguntou ela.
Salvador tinha ficado à espera que ela saísse do gabinete. Sabia que ela ia lá depois das aulas.
- Espera aí. Quero falar contigo! – disse ele, apressando-se para a seguir, já que ela não tinha parado.
- Eu não tenho nada para te dizer. – respondeu friamente, abrindo o seu cacifo.
- Ouvi a mulher a dizer para ires lá ao director. Está tudo bem? – perguntou.
- Como se te importasses...
De facto ele não se importava, mas conhecia-a e sabia que estava com problemas.
- Olha, se quiseres alguma coisa... Eu tenho matéria nova, da boa. Ainda posso resolver os teus problemas, lembras-te? – informou ele.
- Vai-te embora! Sai daqui, já! Vai! Deixa-me em paz e nunca mais me fales! – gritou ela, expulsando-o dali.
Ele não teve outro remédio que ir. No momento em que ela o deixou de ver, perdeu as forças e caiu no chão. As lágrimas corriam-lhe pela cara. Depois do mal que lhe fizera, como é que ele se atrevia a falar com ela? A chegar junto dela? Fazer o mesmo que fizera da última vez?
Luís tinha ouvido tudo. Estava para sair quando ouvir a voz de Joana e decidiu esperar. Só depois reconheceu a voz de Salvador e teve vontade de lhe bater. Mas conteve-se. Tentava escutar mas, ao não ouvir um único barulho, saiu.
Mal abriu a porta, o soluçar de Joana atingiu-o. Ela também o tinha visto mas continuou na mesma. Naquele momento, tanto ela como ele, perceberam que não era altura para zangas. Luís chegou-se junto dela, baixou-se e levantou-a. Amparando-a só com uma mão, usou a outra para lhe afastar o cabelo molhado da cara.
- Tem calma, está tudo bem. Fizeste o que tinhas de fazer. – disse-lhe ao ouvido, abraçando-a.
Ela sentiu-se protegida.

To be continued...

6 comentários:

Anónimo disse...

nao sei pq mas eu ate gosto do luis x)

Anónimo disse...

Eu qero mais *.*


Escreves tão bem *.*.*.*.*



MAIS
MAIS
MAIS


Beijinhos < 33

Anónimo disse...

epah aquele salvador tem uma lata... como é possivel?!?! =S

por momentos pensei q a joana ia aceitar... omg =S

Anónimo disse...

O Teu Jeitinho *.* , a forma como descreves as coisas . Opá (...) Eu AMO tanto esta Fic , .>
Mas coiso , não é que o Luís seja maus rapazito , porque não é . Mas apesar de aqui parecer que o Bill é uma pessoa um pouco mais Distante , ele ama a Joana tenho a certeza e Ele a Ela . E merecem tanto um Final Feliz .
Pronto Ok eu sei a Fic ainda não acabou , mas isto mexe comigo ;p
Beijinho enorme *
Parabéns :')

Anónimo disse...

God aqele salvador manda uma Lata! Grrr

Escreves Mesmo Bem =)
quero maisssss

Anónimo disse...

Eu quero que ela fique com o Luís *_*