quinta-feira, 3 de julho de 2008

44. O PIERCING

Estava certa, o autocarro chegou minutos depois. Estendeu a mão para o motorista perceber que ela iria entrar. Pediu um bilhete para a Ajuda, onde estava situado o Hotel Pestana Palace, sítio onde ela queria estar.
Sentou-se e, estranhamente ou não, sentiu-se feliz. Sentiu-se feliz mas não sabia bem porquê. Fez a viagem em silêncio, tendo o cuidado de desligar o telemóvel depois da primeira chamada não atendida de Bia.
Era cedo e não queria pedir a Leonor para vir cá abaixo; sabia que ela iria querer saber o que se passava e quase que adivinhava de que lado iria ficar. Como já era uma visita habitual, dirigiu-se à recepção.
- Eu vim ter com uma amiga, a Leonor. Ela está instalada no quarto do... – ia ela a dizer.
- Sr. Listing. Sim, tenho conhecimento da situação. Creio que reconheço a sua cara. Para que no futuro estas situações não atrapalhem a sua visita, por favor aceite este cartão de visitante que lhe dará acesso aos ao piso que pretende. Sugiro que não publicite o mesmo, dado que há pessoas dispostas a tudo.
- Eu percebo. Obrigada. – respondeu ela, estendendo a mão para aceitar o passe.
Dirigiu-se para o elevador e subiu. Sabia onde e para qual quarto ia. Passou o quarto que sabia ser de Leonor e Georg, depois o de Tom, Gustav e finalmente parou diante duma porta. Tinha chegado.
Sentiu o coração a pulsar fortemente como se fosse saltar do seu peito a qualquer momento. Tinha vindo até ali e não era agora que ia fraquejar. Levantou a mão firmemente e bateu à porta; suficientemente alto para ele ouvir, suficientemente baixo para nos outros quartos ninguém acordar. Pelo tempo que ele demorou, Joana percebeu que ainda estava a dormir. Algumas batidas mais tarde e uns suspiros depois, lá ouviu a fechadura a rodar. Foi um Bill de boxeres e t-shirt branca que se apresentou à frente dela, com o cabelo murcho e sem maquilhagem. Ela já tinha chegado à conclusão que gostava mais dele natural.
Talvez devido às horas que eram, talvez devido a não esperar aquela visita, Bill endireitou-se logo e convidou Joana a entrar.
- Come in. (Entra.)
Joana entrou. O quarto estava a mesma desarrumação de sempre: a roupa espalhada pelo chão, as malas abertas em cima das cadeiras. A colcha estava estendida no corredor, provavelmente devido a Bill se ter arrastado com ela para abrir a porta. Os olhos de Joana pousaram no visor do relógio que estava em cima da mesinha de cabeceira. Era, de facto, muito cedo.
- I’m sorry to come by this earlier. (Desculpa vir assim tão cedo.) – disse ela.
- That’s no problem. (Não há problema.) – respondeu ele.
Também parecia que ele tinha percebido o estado em que o quarto se encontrava pois tinha começado a juntar a roupa do chão e atirá-la para dentro das malas. Enquanto ele se esticava para chegar a um par de calças ou a uma camisola, Joana admirava fascinada a tatuagem na barriga de Bill.
- So, is everything ok? (Então, está tudo bem?) – perguntou ele.
- Oh... yeah.
- Shouldn’t you be at school? (Não devias estar na escola?) – inquiriu ele novamente.
- I miss the classes for today. But I can leave if you want. (Oh, sim. Eu faltei às aulas hoje. Mas posso ir embora se quiseres.) – respondeu.
- No! – respondeu ele, imediatamente a seguir.
Bill bocejou e ela reparou no piercing dele. O piercing! Nem tinha reparado nele quando se beijaram. Quantas e quantas vezes tinha sonhado utopicamente que brincaria com aquele ferrinho de metal e, quando tivera a oportunidade disso, nem se lembrara? Provavelmente perdera a chance de ver se aquilo fazia ou não impressão e se era divertido.
- Why did you miss the classes? (Porque faltaste às aulas?) – perguntou Bill.
Luís não tinha dito que ela só mentia? Pois bem, agora ia dizer a verdade. Podia nunca mais ter tanta coragem: tinha de aproveitar agora.
- Because I argue with someone about you. (Porque eu discuti com uma pessoa sobre ti.) – confessou.
- About me? Why? – disse ele, visivelmente interessado.
A voz de Bill parecia sincera e dava confiança a Joana. Por momentos pareceu-lhe que ele tinha mesmo mudado. Talvez tivesse mesmo.
- ‘Cause he said that you will make me suffer. (Porque ele disse que me vais fazer sofrer.) – respondeu.
- Why would I make you suffer? (Porque é que eu havia de te fazer sofrer?)
Joana olhou à volta. Era agora ou nunca. Agora iria acabar aquilo que devia ter dito há meses atrás, antes de Bill se ir embora.
- ‘Cause I love you. (Porque eu te amo.) – disse ela, quase sussurrando.
Bill ficou da cor da camisola. Deixara cair a colcha que sustentava na mão e esbugalhara os olhos. Aquilo, definitivamente, acordara-o.
- Oh... I... You... (Oh... Eu... Tu...) – balbuciou ele.
Por momentos, Joana pensou ele fosse fugir pois tinha começado a andar devagar. Mas enganava-se. Bill tinha, de facto, começado a andar. Mas não era em direcção à porta. Era em direcção a ela. Aproximou-se o suficiente, agarrou-a pela cintura e puxou-a para si. Os lábios de ambos uniram-se novamente.
E o piercing não fazia nenhuma impressão. Era divertido até.

To be continued...

5 comentários:

Anónimo disse...

amei amei amei
tão fofo ! *.*
ja era hora de ela ser sincera, e correu-lhe muito bem!
continuem ^^
beijinho*

Anónimo disse...

PS.: "Nuno não tinha dito que ela só mentia? Pois bem, agora ia dizer a verdade. Podia nunca mais ter tanta coragem: tinha de aproveitar agora."
creio q n seja Nuno, mas sim Luís

Elisabete disse...

Obrigada! Já foi corrigido. Sabes isto às vezes escapa-me.

Elisabete

Anónimo disse...

Aiiii Gostei do capitulo =D=D=D=D





MAIS
MAIS
MAIS
MAIS




Beijinhos < 33

Anónimo disse...

amei
amei
amei

mais
mais
mais!!!

yay a joana

yay o bill