quarta-feira, 11 de junho de 2008

38. O TRABALHO

A perplexidade estava estampada no rosto de Joana.
- Oh you did? (Oh sabias?) – perguntou ela ela.
- Of course. I wouldn’t come to Portugal if I wasn’t sure. (Claro. Eu não vinha a Portugal se não tivesse a certeza.) – afirmou ele.
De seguida, e com toda a naturalidade que lhe era permitida ter, Bill puxou Joana para dentro do quarto e fechou a porta. Depois, com um ar muito sério, disse:
- What was on your mind to do what you did? (O que se passou na tua cabeça para fazer o que fizeste?) – perguntou ele.
Joana teve a certeza de que ele sabia muito bem do que estava a falar mas uma dúvida abateu-se sobre ela: até que ponto sabia ele? Resolveu-o por à prova e esclarecer as dúvidas.
- I was having problems at the school. (Eu estava a ter problemas na escola.) – mentiu.
Pela cara que Bill fez, ela percebeu que ele acreditou e teve outra vez a certeza de que ele não sabia que tinha sido o causador da desordem. Ela escolheu não lhe contar. Não queria que ele soubesse. Provavelmente não iria entender.
- But it’s everything ok now? (Mas está tudo bem agora?) – inquiriu Bill.
- Yeah.
Bill ficou mais descontraído, como se o seu objectivo de ter ido até àquele país tivesse sido realizado; como se o seu trabalho estivesse cumprido. Era um problema ultrapassado.
- I’m so tired. I really needed a break. (Estou tão cansado. Precisava mesmo de uma pausa.)
Dito isto, Bill meteu a mão ao bolso e tirou do seu maço de cigarros. Sem pensar acendeu um e abriu a janela. Ao ver reflectida no vidro a cara de espanto dela, lembrou-se e apagou rapidamente o cigarro.
- I’m sorry. I forgot. (Desculpa. Esqueci-me) – disse ele.
Joana lembrou-se então as razões pelas quais não queria ter ido até ali. Lembrou-se do porquê de ter enveredado por aquele caminho. Lembrou-se o porquê de não ter dito a Bill que gostava dele. Ele estava a fazê-lo novamente. Estava a manipulá-la inconscientemente. Estava a fazer com que ela tivesse certos pensamentos que há muito tempo deixara. Estava a afectá-la.
- I need to go. I forgot my mom asked me to help her at home. (Tenho de ir. Esqueci-me que a minha mãe me pediu para ajudá-la em casa.) – mentiu ela.
Joana levantou-se mas Bill, que já estava em pé, agarrou-a.
- Wait! (Espera!) – interpelou ele.
- What?
- I really liked to see you. I missed you. – disse ele, abraçando-a em seguida.
Joana não estava à espera por isso foi tomada por aquele abraço. A sua cabeça foi parar no peito de Bill, junto do seu pescoço; pôde sentir o seu perfume maravilhoso. Cheirava tão bem, pensava ela. Sentiu os seus joelhos a tremerem e a cederem.
- Well, I really need to go. (Bem, eu tenho mesmo de ir.) – disse ela, na esperança de se afastar daquele corpo que não queria largar.
- See you next time! – disse Bill, largando-a.
- Yeah, that... (Sim, isso...) – respondeu ela, fechando a porta atrás de si.

-Estou? Ah Leonor, diz. Sim. Agora? E como é que estava ela? Ok, ok. Eu depois quando souber alguma coisa digo-te. Vá obrigada. – desligou.
- Então? – perguntou Luís com receio.
- Ela já se veio embora. A Leonor não sabe grande coisa porque não a viu mas ouviu-a sair. – informou Bia.
Bia e Luís tinham ficado juntos à espera de alguma notícia. Saberem que Joana tinha ido ter com Bill era um pensamento assustador e que corroía a mente. Sabiam que fora devido a Bill que tudo começara.
- Que fazemos agora? – questionou Luís.
- Não sei. Esperamos pela reacção?
- Ok. Olha, dizemos-lhe que sabemos onde ela foi? – perguntou novamente ele.
- Não. Ela diz se quiser. – disse, determinada, Bia.

Joana tinha chegado a casa. Não havia telefonado a ninguém: a última coisa que queria era falar com alguém. Estava quase a escapar-se para o quarto impunemente, quando a mãe a abordou.
- A Beatriz ligou cá para casa à tua procura. – disse a mãe, desconfiada.
- Ah... Eu atrasei-me. Perdi o autocarro e tive de ir a pé. Depois esqueci-me de ligar a dizer que já lá tinha chegado. Olha, não tenho muita fome para jantar. Eu depois como qualquer coisa. Pode ser? – disse Joana, mentindo na primeira parte.
- Está bem, mas não vás para a cama sem comer. – respondeu, ainda muito desconfiada, a mãe.
Joana apressou-se a ir para o quarto. Fechou a porta e desligou o telemóvel. Ligou a música, apagou as luzes e deixou-se ficar deitada na cama.
Estava com ele. Estavam no quarto de hotel, sozinhos. Não ouvia nada. Uma luz forte e branca impedia-a de manter os olhos constantemente abertos. Tentava perceber qual era a fonte dessa mesma luz. Frisou ainda mais os olhos e então conseguiu perceber. Era dele. Era Bill que emitia a luz, como um anjo. Aquela figura enternecia-a. Sentia-se bem e queria tocar-lhe. Aproximou-se mais dele. Estava tão perto que se estendesse a mão podia senti-lo. Vagarosamente levantou braço e tocou-lhe. Não conseguiu caracterizar a sensação de lhe tocar. Não sabia se era frio ou quente, fofo ou áspero. Mas era uma maravilhosa sensação. Agarrou-se a ele com a força que tinha para não cair. Ele não falava, apenas continuava a encadeá-la com aquela luz brilhante. Joana aproximava-se de Bill cada vez mais. Estava quase a tocar naqueles lábios; chegou-se mais perto.
Tocou-lhes. Uma onda de calor inundou o seu corpo; aqueles lábios pareciam feitos de mel, talvez fossem mesmo. Queria ficar naquela sensação, naquele momento para sempre.
- Joana acorda! – gritava alguém.
- Que se passa? – disse ela, acordando estremunhada.
- Eu disse-te para não ires para a cama sem comeres. Vem já jantar algo rápido. – impôs a mãe.
Ela lembrou-se então do que tinha sucedido. Tinha sido apenas e infelizmente um sonho. Infelizmente? Porque é que ela achava que tinha sido infelizmente? Estava Bill a impor-se novamente na sua mente?
- Joana despacha-te!
- Estou a ir, mãe.

No dia seguinte, Joana acordou cedo. Tinha adormecido na esperança de voltar lá, ao quarto brilhante. Não voltara. Limitando-se a aceitar e a viver com aquelas curtas recordações do sonho, levantou-se e preparou-se para ir tomar o pequeno-almoço. Mais uma vez sem esperar, tinha visitas.
- Bom dia. – saudaram Bia e Luís em uníssono.
- Ah... Bom dia. – disse, envergonhadamente, Joana.
A mãe de Joana apareceu, quebrando aquele silêncio de cortar à faca.
- Então meninos? Já comeram? – perguntou.
- Não. – responderam eles.
- Então venham daí que eu faço-vos umas panquecas divinais. – disse a senhora.
Luís e Joana coraram ligeiramente, mas evitando-se olhar mutuamente.
- Então ontem não apareceste... – disse Bia, começando a conversa.
- Pois, esqueci-me eu tinha um trabalho para acabar e resolvi ficar em casa. Fiquei sem bateria no telemóvel para vos avisar. – mentiu ela, baixinho, para a mãe não ouvir e desconfiar de algo.
- Ah um trabalho. Pois claro, e acabaste-o? – perguntou Bia.
- Sim. – respondeu-lhe.
Evitando mais uma vez outro silêncio constrangedor, a mãe de Joana serviu as panquecas e eles comeram em silêncio. No final, para que ninguém desconfiasse, Joana acrescentou:
- Mas como eu já acabei o trabalho, podemos ir hoje ao parque.
- Não! – disse prontamente Bia.
Joana e Luís olharam para ela, espantados com aquela reacção inesperada.
- Quer dizer... Hoje sou eu que tenho de acabar umas coisas para a escola. – mentiu, desta vez, Bia.
Joana podia ter quase a certeza que o trabalho de Bia era tão real quanto o seu tinha sido.
Bia, essa, só pensava no encontro com o seu admirador nessa tarde. Nada podia interferir. Nada ia interferir.

To be continued...

2 comentários:

Anónimo disse...

oh o bill desta vez até foi amoroso... nem s armou mt em star...

adorei o capitulo... os trabalhos da escola sao smp uma boa desculpa xD

Anónimo disse...

O admirador quase de certeza q é o claúdio ou la cm ele se chamava (ja n me lembro xD)
E afinal de contas ela foi lá fzr o q?
simplesmente a vontade dele?
tristeza, ele manipula-a pk ela deixa!
Vá continuem beijinho*